segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

   Círculos




O cansaço apodera-se do meu corpo e adormeço sem a consciência  do descanso.
Viajo por pensamentos e sonhos que guardo comigo, pensando para com o meu sono que o som das pedras a bater no charco é mesmo reconfortante. A natureza surpreende-nos sempre na sua simplicidade.
"E que dia tão lindo que se fez aqui na serra."
"Oh, que círculos tão bonitos sobre a água! Já viste?
É a tua vez de atirar. (...) Olha! Juntaram-se..."
Digo eu no meu sonho-pensamento que advém do pensar enquanto sonho. Misturam-se os ciclos com os círculos e dou por mim e a perguntar-te se as coincidências existem. 
"Achas que os círculos se juntam ao acaso?"
A nossa vida é mesmo um círculo ou uma grande esfera que encerra em toda a sua área os muitos círculos que vão formando a nossa vida, a nossa história. (Penso para comigo).
Dia após dia, algumas linhas outrora tracejadas unem-se, fechando um círculo que completa esta esfera. Outras, vão-se desvanecendo para formarem círculos maiores.
E é assim a circunferência da vida, uma coincidência em muitos dos nossos dias.
Será que alguém vai atirando as pedras lá em cima, para novos círculos se formarem, abraçando mais humanidade nesta esfera terrestre?
São algumas perguntas que me assolam nestas coincidências ou apenas circunferências quotidianas.
"Achas que os círculos se juntam ao acaso?"
Pergunto-te no meu pensamento sonhado, mas o desconforto do sofá faz-me despertar o descanso e interrompo o sonho pensado.
Não ouço a tua resposta...Vai continuar a pairar no ar. 
Resta-nos a transparência da água ao cair no riacho e no embalo sonolento desta canção que bate na janela.
(...)
"Que voz bonita! De quem é?"
"Parece a Chuva..."


Joana

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ponto de viragem


"Quão estranho pode ser o Homem.
Tem por vício usar apenas um dos sentidos.
A visão, ou o olfacto, ignorando a ligação mágica que todos os outros trazem em conjunto.
Vê, mas apenas pelo seu sentido verbal.
Não vai mais além, penetrando a fundo na realidade dos sentidos, ouvindo o que a alma tem para dizer.
E assim, um dia após o outro, vive neste supérfluo sobreviver onde as pessoas são apenas máscaras.
Umas mais exuberantes que outras. Mais brilhantes, ou simples apenas.
As máscaras caminham, falam, pavoneiam-se, enfeitiçam,
toldando a plenitude da visão conjunta dos que se deixam levar pela literal acção do verbo.
E o sorriso simples e profundo que emana escondido ao nosso lado é esquecido, ou até ignorado!
A luz do verdadeiro sorriso, como todo o ciclo da Natureza, estará sempre pronta para renascer e brilhar num dia cinzento.
Quem sabe até poderá seguir o vento rumando a outros inícios.
Afinal, a alma estará sempre pronta para mais uma lua cheia,
E hoje é mais um dia..."





segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Curvas

"Nas curvas que fazem o caminho lanço 
os meus pensamentos ao vento 
e segredo à natureza as dúvidas 
que me assolam o coração.
Já  é tarde.
Mas para alguns já é bastante cedo.
Engraçado como o tempo, 
(que segundo os mais letrados até nem existe)
pode ser tão subjectivo.
E com esta do tempo também dou por mim
a distrair-me com os ramos que vão 
ornamentando o caminho e criando alguns 
ruídos por baixo do clássico.
É o grito do motor,  o tempo dizendo
ao tempo que se fez um temporal e que já
é tempo de  me despachar a tempo.
"Mas isto não traz sentido algum ao momento!"
Digo eu já em delírio falando com os Anjos 
que me vão acompanhando.
Começo a não resistir ao cansaço.
Os olhos pesam e por lapsos retirados
 a outras vidas adormeço acordada. 
Vivo momentos que não vivi
ou que sinto já ter vivido.
Falo com quem nunca conheci
mas que por momentos já ouvi.
(Aprendi a gostar de ti...)
Procuro respostas.
Foco a estrada, 
deixo-me levar .
Tudo parece uma eternidade, 
ou até segundo um Einstein 
uma fracção de uma onda de luz 
que cruzou o vácuo para iluminar
o caminho que trilho
através dos faróis redondos.
"É um clássico!"
Este turbilhão de sensações 
deixam-me embriagada
mas despertam-me do meu sono
latejante que acorda e
sossega o coração.
Nada é nada, 
tudo é tudo, 
mas tudo é nada, 
e o nada também  é tempo
que se faz tarde  e que se faz nada
quando nada fazemos dele!
"Este atalho parece nunca mais acabar!"
O vento sossega,
A estrela mais vagabunda da noite vai descansar.
O pano negro começa a clarear.
Já não penso em nada,
mas nada também é tudo,
e tudo pode ser o tempo, 
como o foi esta noite.
(...)
Já não preciso dos faróis.
A primeira aurora vai surgindo.
Desligo o carro.
Abro a porta e fecho os olhos..."

Joana

terça-feira, 6 de setembro de 2011



Caminhos III

"As estradas repetem-se...
Alguma são esperança na descoberta, outras apenas servem de passadeira rolante à rotina dos dias que passam.
Asfalto ou terra batida, itinerários principais ou caminhos secundários.
Sobre as rodas que veiculam a sobrevivência, diferentes caminhos são escolhidos.
Variam as emoções, as paixões, e a sede que faz olhar o horizonte de frente.
E em dias de distracção, deixamos escapar o Amor ali ao lado."

Joana

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Oitavo Mês


"E chega ao fim mais outro Agosto...
Olho para o dia chuvoso que se pôs, e sinto um sabor a fel na boca.
Diluem-se os sonhos eternamente adolescentes que sempre renascem nesta diversidade de vivências, misturando-se com a múltipla paleta de cores que por aí esvoaçam.
Ai esse Agosto, que parece que se faz desgosto!
Efemeridade que se esvai por entre os dedos na caducidade de algumas folhas que já se deixam desmaiar.
Vai-se o Agosto, e com ele o eterno bom gosto das conversas ao luar.
Vale-nos o suor das colheitas que já se antevêm, e com ele o cheiro do mosto que nos faz à terra enraizar."

Joana Castro

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Uma Mensagem



"A Vida é feita de encontros...E desencontros. (Acrescento num sussurro).
Na energia que move os ciclos da natureza encontro o instinto de sobrevivência, que delinea a nossa construção humana.
A nossa efemeridade traduz-se numa transformação intemporal da matéria, permitindo uma comunhão dos elementos.
Contemplo, e lanço ao vento os sonhos que me comandam os passos e os segredos mais íntimos que guardo comigo, esperando que o horizonte traga consigo mensagens de conforto e de coragem das estrelas que povoam o universo.
O amor do Sol pela Terra e pelo mar serena-me o coração,
abraçando o mundo e as pessoas com a alma de um poeta."


Joana


quinta-feira, 7 de julho de 2011

Caminhando

"O caminho faz-se caminhando..."
Ouço enquanto por aí caminho, trilhando os meus passos na terra batida.
Acompanha-me o balançar das folhas rastejantes ao sabor do vento, e o doce cumprimentar dos pássaros da estação.
Subitamente, um estrondoso trovão assusta os meus ouvidos e o meu coração! Acalma-me a força da chuva que agora cai libertando o cheiro a terra molhada.
Abrigo-me numa copa frondosa da árvore mais sábia do caminho. Espero, e admiro o momento.
A chuva pára. Espero mais um pouco com receio do inesperado.
Olho para o céu, respiro profundamente sentindo o ar pleno, e volto a andar.
Recomeçando o meu trilho, dou por mim a pensar que a vida é mesmo assim. Uma constante surpresa, mas sempre pronta a voltar a abraçar-nos no seu ciclo.
"Olá!" - digo sorrindo para um pintassilgo colorido...


Joana Castro

quinta-feira, 2 de junho de 2011

"Joaninha"


Na fragilidade humana se encontra a simplicidade da vida.
O orvalho da manhã é a esperança da nossa pequenez.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

"Marés"


"Marés"

Sentada em frente ao mar lavo a alma
que me dói da sujidade humana.
Pergunto a Neptuno quem virá do horizonte.
A resposta tarda.
(A maré está a baixar...)
Como se o tempo fosse apenas uma palavra,
mergulho na espuma branca que beija a areia num leve rebentar.
O cheiro a maresia é sabão para o meu corpo.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Pedaços


Somos feitos de pedaços. (Ou talvez memórias.)
Pedaços que sempre fizeram parte de nós e nos fizeram acompanhar ao longo da vida, pedaços que fomos vivendo, guardando, adquirindo, mas que no fundo são pedaços de outros.
São peças soltas, pensamentos partilhados, que por qualquer razão naquele momento decidimos guardar no cantinho da nossa bagagem, como se tratasse de um baú onde arrumamos os objectos que julgamos um dia vir a precisar.

E por vezes esse momento chega! (Como o dia em que reabrimos o baú das coisas velhas para procurar o brinquedo tão querido, ou o descobrimos por acaso num dia de arrumações, para nossa bela surpresa.)
Os pedaços até então desconhecidos, indiferentes no nosso caminho, mas guardados por acaso no nosso baú, passam a ter um lugar na nossa vida, encaixando no puzzle incompleto e até então desmembrado do presente.

Logo pensamos como a vida pode ser misteriosa...
Nesse instante, os fios soltos que vamos criando à nossa volta, dos nossos universos pessoais, quebram-se para logo se unificarem em laços maiores e mais estreitos.
E algures do lado do sonho e do perpetuar das memórias perdidas da nossa realidade, questionamos a nossa importância na vida das pessoas...

Joana

sábado, 30 de abril de 2011


Tulerunt Lapides


"Num fio de voz viajo por universos paralelos à minha consciência.

No turbilhão das dissonâncias, reencontro sorrisos alegremente sentidos,

Outrora vividos e perdidos para realidades esfumadas sem explicação.

Crivo a esperança no despontar da arsis melódica que antevê um lento repousar.

Escorrem-me lágrimas passadas pelo rosto perante a invasão polifónica que me derruba os

alicerces da sobrevivência terrena, trazendo ao pensamento gavetas bem guardadas das emoções.

Repouso em silêncio, numa longa e sustentada nota que espera pela resolução.

A cadência não tarda, e avidamente sinto a paz que me percorre o corpo contagiando a alma julgada perdida.

Na tesis do poema, descansam as memórias."


Joana

sexta-feira, 25 de março de 2011

Around the world

"Pérolas do oceano, é o que chamo ao meu amor que me trouxe o engano num belo dia onde a lua já brilhava."


Jancsi

segunda-feira, 14 de março de 2011


Ventos Cruzados

"Quebraram-se os laços de ingenuidade que nos ligavam.
Escorrem-me por entre os dedos, lágrimas de conformidade.
Sinto uma leve brisa que me sacode as asas, e avisto o mar com serenidade.
O cheiro de outras Primaveras esperança o meu voo,
Pairando por entre o céu de azul pintado.
Olho para trás mais uma vez…
Talvez um dia, as tempestades nos levem a descansar no mesmo ramo, como outrora o fez."


Jancsi

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011




Fim de Tarde




"Num doce fim de tarde, o horizonte conspirava a nosso favor.
Segredava ao mar que perdidas na cidade, duas aves descansavam as asas na mesma árvore."


Joana Castro

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Beijo

"Um beijo em lábios é que se demora
e tremem no abrir-se a dentes línguas
tão penetrantes quanto línguas podem.
Mais beijo é mais. É boca aberta hiante
para de encher-se ao que se mova nela.
É dentes se apertando delicados.
É língua que na boca se agitando
irá de um corpo inteiro descobrir o gosto
e sobretudo o que se oculta em sombras
e nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja
quanto de lábios se deseja."

Jorge de Sena