segunda-feira, 23 de maio de 2011

"Marés"


"Marés"

Sentada em frente ao mar lavo a alma
que me dói da sujidade humana.
Pergunto a Neptuno quem virá do horizonte.
A resposta tarda.
(A maré está a baixar...)
Como se o tempo fosse apenas uma palavra,
mergulho na espuma branca que beija a areia num leve rebentar.
O cheiro a maresia é sabão para o meu corpo.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Pedaços


Somos feitos de pedaços. (Ou talvez memórias.)
Pedaços que sempre fizeram parte de nós e nos fizeram acompanhar ao longo da vida, pedaços que fomos vivendo, guardando, adquirindo, mas que no fundo são pedaços de outros.
São peças soltas, pensamentos partilhados, que por qualquer razão naquele momento decidimos guardar no cantinho da nossa bagagem, como se tratasse de um baú onde arrumamos os objectos que julgamos um dia vir a precisar.

E por vezes esse momento chega! (Como o dia em que reabrimos o baú das coisas velhas para procurar o brinquedo tão querido, ou o descobrimos por acaso num dia de arrumações, para nossa bela surpresa.)
Os pedaços até então desconhecidos, indiferentes no nosso caminho, mas guardados por acaso no nosso baú, passam a ter um lugar na nossa vida, encaixando no puzzle incompleto e até então desmembrado do presente.

Logo pensamos como a vida pode ser misteriosa...
Nesse instante, os fios soltos que vamos criando à nossa volta, dos nossos universos pessoais, quebram-se para logo se unificarem em laços maiores e mais estreitos.
E algures do lado do sonho e do perpetuar das memórias perdidas da nossa realidade, questionamos a nossa importância na vida das pessoas...

Joana