quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

"Reflexo invertido"


      És feito de uma capa dura que protege a tua sensibilidade delicada.
No teu ar sério gravas os passos de teus pais, com a vida encarada sempre em cima dos pés.
É o caminho, e faz-se caminhando sozinho ou com dez à tua volta.
Aprendes a olhar com os olhos que te foram dados e emprestados para absorveres o mundo como ele é, na sua beleza, fealdade e bondade, e de quem dá o que de melhor tem para oferecer.
 Gravas as pessoas na tua memória com a delicadeza de quem faz um desenho a tinta da china, e com a tua inteligência consegues transformar as palavras em retratos que tu próprio sabes bem captar e que são os espelhos invisíveis que nos rodeiam.
Tens energia de um vulcão que se confunde com a razão nas horas incertas. Tentas falar ao coração, e as ondas gravadas no teu corpo vão-te lembrando da força que está nos teus braços, nas tuas mãos.
Bebes um copo e deixas-te levar pelo fumo das anestesias que se vão fumando.
Ouves a música que o dia te inspira e sorris para o mundo com a sensação de liberdade que muitas vezes só consegues ter sozinho.

Tu, o olhar e a máquina, que de forma despercebida vão flashando para o mundo na esperança de um reflexo.

Joana Castro

terça-feira, 11 de março de 2014

SORRISOS




"Os sorrisos são o melhor das pessoas quando o são na sua plenitude.
Assim é o teu sorriso!

Casa à beira mar em dias quentes, abraço caloroso trazendo consigo a serenidade nos braços, ronronar felino nas gargalhadas sonoras embriagadas de um copo de vinho.

Um sorriso que provoca sorrisos e traz consigo o astro que nos acorda diariamente.
Um sorriso que é uma mulher em sorriso....e risos de amor.


Os sorrisos são o melhor das pessoas quando nos fazem viajar pelo universo na simples troca de um sorriso no olhar...

São os anjos com cabelos ao vento e traços doces que se misturam com a simplicidade dos mortais"

Joana Castro

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014



"Ligação"

Cruzamos o olhar com a inocência da descoberta,
e a sensualidade reconhecida do êxtase.
Fazes-me encarar o mais fundo de mim,
conectado ao mais profundo de ti.
Ligação física sentida no ar,
reacção química que explode consoante as variáveis.
Como dois cientistas à descoberta,
misturam-se cores atómicas, renováveis,
energias vermelhas, laranjas
numa presença que nem sempre é física
na emoção que a sustenta.
Somos unos, únicos, unidos no universo de que fazemos parte.
Alimento da alma e do coração na serenidade da aura envolvente.


Joana Castro

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Outono



O som agudo das folhas secas fere o ouvido dos que de uma forma displicente ainda usam os pés descalços. 
É o som da Mãe.
A Natureza que na sua simplicidade e beleza nos impõe com a sua vontade desde sempre.
Neste presente que já foi amanhã, as folhas vão desmaiando sossegadamente deixando um manto de sonhos coloridos nos nossos passos. 

Joana Castro

terça-feira, 24 de setembro de 2013


Amanhece



A paleta de cores surge no horizonte.
Num ambiente sideral, quase terreno, o astro renasce diariamente numa mestria volúvel perante a rotina a que o planeta nos confina.
A Natureza impõe sem arrogância a sua sensibilidade, na forma como nos faz viver dia após dia.
E, nesta humildade de conhecimento que se prostra perante nós, transcendem-se os pensamentos numa respiração mais plena.


Joana Leite Castro



segunda-feira, 23 de setembro de 2013



SOMBRAS



Acumulam-se pensamentos...
 Em caixotes de cartão antigo,
O cheiro ainda nos transporta numa viagem pelos sonhos ébrios de quem lê contos fantásticos sorvendo um copo de vinho.
Nesse mosto que foi trabalho árduo de alguém, todavia purgador de inquietações  perturbadoras da paz de espírito do homem comum, procuramos recuperar anamneses que esperançosamente nos permitam dar um sentido pleno à vida .
Um sentido humano e etéreo nos estilhaços que as nossas sombras espalham sob a massa amorfa circundante.

Joana Leite Castro

segunda-feira, 20 de maio de 2013


A primavera quente de outrora tarda.
Zangou-se a Mãe Natureza com o Deus das religiões pela leviandade do comportamento humano.
Este, que de vez quando somos nós, e noutros dias tu e eu olvidamos que esta casa é de todos.
Até lá, florescem as tulipas em tons violeta, anunciando um prematuro luto da sua condição.