quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

"Reflexo invertido"


      És feito de uma capa dura que protege a tua sensibilidade delicada.
No teu ar sério gravas os passos de teus pais, com a vida encarada sempre em cima dos pés.
É o caminho, e faz-se caminhando sozinho ou com dez à tua volta.
Aprendes a olhar com os olhos que te foram dados e emprestados para absorveres o mundo como ele é, na sua beleza, fealdade e bondade, e de quem dá o que de melhor tem para oferecer.
 Gravas as pessoas na tua memória com a delicadeza de quem faz um desenho a tinta da china, e com a tua inteligência consegues transformar as palavras em retratos que tu próprio sabes bem captar e que são os espelhos invisíveis que nos rodeiam.
Tens energia de um vulcão que se confunde com a razão nas horas incertas. Tentas falar ao coração, e as ondas gravadas no teu corpo vão-te lembrando da força que está nos teus braços, nas tuas mãos.
Bebes um copo e deixas-te levar pelo fumo das anestesias que se vão fumando.
Ouves a música que o dia te inspira e sorris para o mundo com a sensação de liberdade que muitas vezes só consegues ter sozinho.

Tu, o olhar e a máquina, que de forma despercebida vão flashando para o mundo na esperança de um reflexo.

Joana Castro

Sem comentários:

Enviar um comentário