quinta-feira, 3 de maio de 2012




"Abril Águas Mil"








Esta Primavera traz no bolso
 um inverno tardio,
e consigo o frio 
da chuva que cai lá fora.
Também eu, no bolso do meu casaco,
trago um cansaço em lembrança,
de quem procura, 
com esperança
alcançar uma nova esfera deste ciclo
de espera.


Joana

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Conversas Cruzadas



"Era o tempo das amizades visionárias (...)" disse-me uma vez Sophia...


Numa tarde onde a Primavera surgia como a de Caeiro, e as Folhas Caídas voavam ao leve sabor do vento, partilhava leituras com Fernando Pessoa. Alertava-me este em jeito de fado e com letra de Ricardo, aristocrata subentenda-se, que "Somos quem somos, e quem fomos foi coisa vista por dentro."  
 Ficaram-me as palavras no pensamento, na alma. 
Contudo, há "palavras que nos beijam" e que nos arrebatam no silêncio, neste vazio que as pessoas deixam quando insistem em bater com a porta. Deixam apenas a ausência. Mas a ausência, ao jeito adocicado de Drummond, é "Um estar em mim (...)" e isso "ninguém a rouba mais de mim". 
Lembrou-me uma daquelas canções de Jobim, que embalam qualquer um no cantar do violão, aquecendo o coração.
Olho as horas...
O tempo, esse fez-se tarde se pensarmos no passado. 
Mas, nas realidades paralelas, o tempo não existe.


"Quem és tu Romeiro?"
"Ninguém!"


(...)


Joana Castro

quarta-feira, 21 de março de 2012

"Noutra Primavera"


Admiro os campos que me enchem o olhar florido,
sentindo que noutra Primavera tudo fez sentido.


Joana Castro

quinta-feira, 15 de março de 2012

"No teu abraço"

És feito de sinceridade,
da mesma verdade que faz nascer
o mundo todas as manhãs
impulsionando o ciclo da natureza.
Nessa mesma pureza,
abraças a humanidade
com a beleza de quem olha o semelhante
no melhor da sua existência.
E nessa adolescência consciente,
de quem ama o mundo
por inteiro,
mostras a qualquer companheiro
de jornada o prazer de viver
intensamente, de alma e coração
presente.
Na tua mão,
guardas a energia amada da terra nascente,
e no teu abraço o calor do sol e do vento
trazendo consigo e sempre a tempo
a alegria e amizade de um sorriso.


Joana Castro



quinta-feira, 8 de março de 2012

"Hoje somos Três"

Hoje não me sinto...
Olho-me do outro lado do espelho,
gritando ao meu ser que se mexa.
Tenho cá para mim
que é um útil conselho
a seguir, para me fazer sorrir
perante o ciclo da natureza.
Assusta-me a clareza
que o meu outro,
tem acerca do meu interior,
esse que por vezes me enche de dor!
Física, entenda-se,
mas o suficiente para me tirar todo
o fervor de dançar com amor
perante a pureza
dos momentos.
Tenho cá para mim,
que o meu outro se ri
assim, de gozo,
do meu enfezamento
que me tolda o discernimento
de gostar de ti
e de todos ou outros.
Acho que comi algo
que me anda a fazer mal,
ou se calhar é da falta de sal
para equilibrar esta carcaça.
Às vezes, em jeito de graça,
falamos das vísceras
que nos consomem o esqueleto
e que não são mais que más bichas.
Resolve-se tudo
com um daqueles remédios.
Já antigos, e horríveis,
mas pelo menos arrumam com os tédios
tontos desta sociedade volátil
na sua forma de sobreviver.
Falo assim,
porque hoje não me sinto.
Fixo-me nos olhos
e digo que sim,
que está na hora de correr,
pelo que quero ser,
e sonhar com vontade.
Ao fim de contas,
ou em boa verdade,
somos sempre dois
que habitam a mesma morada.
Mas há dias como hoje,
em que eu me sinto cansada,
e que tenho de fingir
que não é nada,
para descansada poder dormir.
Hoje não estava em mim,
mas amanhã é um novo dia
para poder sorrir.


Joana Castro





domingo, 26 de fevereiro de 2012

"No dia em que te conheci"

No dia em que te conheci
O sol nasceu frio mas brilhante.
Aqueceu na sua rotina os rostos enregelados 
de um inverno sem esperança, mas pronto na mudança 
para dias menos complicados.
No dia em que te conheci
senti em mim a criança 
no desconcertante nervosismo
ainda sem consciência sentido, 
mas hoje uma presente lembrança.
No dia em que te conheci
e que para ti sorri,
nada antevia que por ti eu já sentia
o que me hoje me leva a recordar 
o que em ti eu queria amar.
No dia em que te conheci
já era noite.
O luar pintava o negro céu
espelhando a serenidade
de um abraço e do beijo teu.
Na noite em que te conheci 
eu sorri.
Sorri com uma profundidade
sincera de quem viu em ti
o meu sonho, uma quimera.
No dia em que te conheci, 
A lua nasceu fria mas brilhante
e assim eu me senti...




Joana